ARTIGO: Lesões de Acne

*Característicos da adolescência, os problemas com acne, muitas vezes, se perpetuam por toda a vida adulta, e não é para menos

Segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a acne é o problema dermatológico mais comum na população brasileira, afetando 56,4% das pessoas, além de ser o motivo que mais leva pacientes aos consultórios dos dermatologistas.

A acne é uma dermatose que pode ser ocasionada por três fatores associados. Pode vir do aumento da secreção sebácea, da obstrução do orifício folicular por sebo e células mortas, e da colonização por bactérias. Por isso, elas aparecem mais comumente nas áreas com maior número de glândulas sebáceas: face, peito, costas e ombros. Além da acne, existe o comedão, ou cravo, como é popularmente conhecido, que é formado após a obstrução do orifício folicular, e se divide em dois tipos: o branco, quando está aberto; e o preto, quando está fechado.

A acne geralmente se desenvolve na adolescência, devido à puberdade, onde hormônios como a testosterona estimulam a secreção sebácea. Porém, existem outros fatores que podem ocasionar o problema, como os emocionais, bem como o período menstrual. A influência alimentar como causa do surgimento da acne é raramente observada, portanto nem sempre a acne vai aparecer ou piorar com a ingestão de chocolates e alimentos gordurosos, mas ambos não devem ser ingeridos em excesso.

O grau da acne pode variar desde grau I (leve), no qual aparecem apenas os cravos, até grau V (severo), onde, além dos nódulos inflamados, o paciente apresenta também sintomas como febre e dor nas articulações. O diagnóstico é clínico e, a partir dele, o dermatologista indica qual o tratamento ideal a ser realizado.

Além disso, existe um quadro que parece com a acne e é chamado de erupção acneiforme, e em geral ocorre pelo uso excessivo de corticóides injetáveis, tópicos ou via oral. Lembramos que, na síndrome dos ovários policísticos, pode ocorrer uma exacerbação da acne, além de seborréia, aumento de pelos (hirsutismo) e queda de cabelos – sendo denominado esse quadro de Síndrome SAHA.

No tratamento da acne, utilizamos desde sabonetes adequados, incluindo, por exemplo, ácido salicílico, além de outros produtos tópicos, contendo ácido glicólico, ácido azeláico, ácido retinóico, peróxido de benzoíla, adapaleno e antibióticos tópicos como a clindamicina. Quando necessário, utilizamos antibióticos e tratamento com isotretinoína oral, sendo este último o mais eficaz entre todos os tipos de tratamento. O uso da isotretinoína é bem seguro quando o paciente segue as orientações do médico, bem como faz o acompanhamento mensal do uso dessa medicação.

Alguns casos de acne são tão agressivos que precisamos fazer a drenagem do abscesso. Importante não espremer nem cutucar os cravos e espinhas, sem uma devida orientação do médico, para não agravar o problema; e tampouco utilizar produtos prescritos pelos “vizinhos e leigos” que, na tentativa de ajudar, podem aumentar o risco de infecções e cicatrizes.

A principal atenção que devemos ter é no tratamento precoce da acne, para que evite o surgimento de lesões muito agressivas e profundas, que podem se tornar cicatrizes de difícil tratamento.

O tratamento de cicatrizes de acne pode ser feito a partir da utilização de peelings químicos, lasers, preenchimentos com ácido hialurônico, dermoabrasão, subcisão, enxerto, entre outros.

Portanto, procure um dermatologista já no início da adolescência para ter um acompanhamento que evite futuros problemas com acne. O profissional indicará os melhores produtos para seu tipo de pele, para assim, evitar futuras lesões de acne.

* Dra. Ana Regina Trávolo, médica dermatologista e diretora da Clínica Monte Parnaso

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