Como estratégia, narrativa e coragem transformaram uma candidatura quase invisível em vitória nas urnas
Em 2016, recebi um convite que mudaria a forma como eu enxergava a comunicação política. A missão era trabalhar em uma campanha para prefeito em Valparaíso, no estado de Goiás. A princípio, parecia apenas mais um desafio profissional. O candidato, no entanto, estava em situação delicada: aparecia com apenas 5% nas pesquisas de intenção de voto. A população, segundo a pesquisa qualitativa, estava cansada, frustrada e sem perspectivas de futuro para a cidade. O cenário pedia mais do que técnicas de comunicação: exigia sensibilidade, leitura precisa e coragem.
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Arley e Hellen nas multi tarefas de uma comunicação eleitoral |
Cheguei com uma equipe mínima, praticamente só eu e meu marido, que acumulava funções de editor, fotógrafo, videomaker e designer gráfico.
Era um contraste enorme em relação às experiências anteriores, nas quais sempre tive ao meu lado o apoio de meu mentor, Guilherme, profissional que me ensinou, desde 2004, a importância da calma, da estratégia e da visão clara dentro de uma campanha. Dessa vez, porém, estava sozinha para tomar decisões rápidas e acertadas.
Foi nesse momento que um conselho simples se transformou em estratégia central: “Ouça seu coração.” Essa frase, dita por Guilherme ao telefone, se tornou a narrativa da campanha. Decidimos transformar o desânimo da população em uma mensagem de esperança, convidando os eleitores a refletirem sobre o futuro que desejavam para os próximos quatro anos, ouvindo o próprio coração.
A partir dessa ideia, construímos toda a comunicação da campanha: do horário eleitoral no rádio aos vídeos para redes sociais, dos roteiros de discursos às mensagens gráficas. Era preciso fazer muito com pouco, mas cada peça carregava o mesmo tom de emoção, proximidade, alegria e confiança. A narrativa ganhou força e foi capaz de mobilizar o sentimento coletivo de mudança.
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Hellen Quida e Pábio Mossoró, candidato eleito em uma virada inesperada |
O resultado foi uma virada histórica. O candidato Pábio Mossoró saiu de 5% nas pesquisas para conquistar 51,76% dos votos nas urnas
Uma vitória que não pode ser explicada pela sorte ou acaso. Ela nasceu de planejamento, de leitura correta do cenário e da coragem de assumir riscos em meio à pressão.
Essa experiência marcou profundamente minha trajetória profissional. Aprendi que campanhas vitoriosas não são fruto de improviso, mas de preparo. E que a capacidade de transformar sentimentos difusos da população em narrativa política coerente pode ser o fator decisivo em uma eleição.
Em 2026, o cenário eleitoral trará novos desafios e oportunidades. Mas a lição permanece: quem chegar preparado, com planejamento sólido, narrativa estratégica e coragem para agir, terá sempre mais chances de transformar até uma candidatura improvável em uma vitória.