Diálogo foi apresentado como prova de crime eleitoral. PGE informou que deve ser rejeitado recurso apresentado pela defesa da parlamentar
A gravação em áudio de uma promessa feita pela deputada federal Flávia Morais (PDT-GO) compromete sua situação política. De acordo com a Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) em Goiás, a mineira prometeu a disponibilização de benefícios dos programas Cheque-Moradia e Pró-Cerrado a eleitores em troca de votos. A prova do crime eleitoral foi gerada por meio de gravação ambiental, ou seja, feita por intermédio de um gravador colocado por um terceiro dentro do ambiente onde se localizavam os interlocutores. Um parecer favorável pela cassação do mandato dela foi enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela PGE.
A PGE informou que deve ser rejeitado recurso apresentado pela defesa da parlamentar, que justifica que a gravação foi clandestina, sem autorização judicial e sem o conhecimento da recorrida. A vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, afirma que a ação realizada por um dos interlocutores, mesmo sem conhecimento do outro, é válida por não se confundir com a interceptação vedada pela Constituição Federal.
Na conversa, Augusto Nero, autor da gravação, perguntou a Flávia Morais sobre o benefício Cheque-Moradia, o qual esperava há mais de três anos. A candidata disse que priorizaria seu caso e o convidou para visitá-la em sua residência para falar mais sobre o assunto. Na visita, ela pediu a ele um comprovante de cadastro no programa, que não estava em suas mãos, quando chegou ao local outra família com este mesmo papel para, segundo ele, receber o mesmo benefício. Foi quando ela se retirou e, a portas fechadas, foi falar com aquelas pessoas.
Flávia, que é natural de Belo Horizonte (MG) – e já lecionou as disciplinas de português e inglês no Colégio Estadual Maria Carneiro Pinto, em Santa Bárbara de Goiás – foi secretária de Cidadania e Trabalho do Estado de Goiás entre 2007 e 2010 e era responsável pela execução dos diversos programas sociais do Estado na gestão do ex-governador Alcides Rodrigues (PP).
Ela também é acusada de pedir votos para famílias em forma de retribuição ao favor feito aos jovens inclusos no programa Pró-Cerrado, quando ela estava coordenando o benefício. A família de Maria dos Passos Camargo dos Santos foi visitada por ela. Eles afirmaram que Flávia Morais se apresentou como candidata e mencionou que Daliane dos Santos, sua sobrinha, estava trabalhando no Pró-Cerrado porque ela havia lhe ajudado e cobrou da deles a retribuição da ajuda, anotando o nome dos eleitores da casa. Antes de ir embora, a candidata afirmou que, caso ganhasse, poderia ajudá-los muito mais.