Com informação e cuidado, o setor de alimentação pode
oferecer mais segurança e tranquilidade para clientes com restrições
alimentares
Quem tem restrição alimentar sabe: comer fora de casa ainda
pode ser um desafio. Uma simples garfada errada pode causar desde desconforto
até reações graves, e é por isso que cresce a preocupação dos bares e
restaurantes em lidar corretamente com os alérgenos, substâncias presentes em
alimentos que podem causar reações no organismo.
Esse tema ganhou força com o aumento dos diagnósticos e da
conscientização sobre alergias e intolerâncias. A cartilha “Cuidados
com Alimentos Alérgicos em Serviços de Alimentação Fora do Lar”,
desenvolvida pela Abrasel em parceria com o Sebrae, mostra que o cuidado vai
muito além de seguir a lei. Ele representa respeito, acolhimento e confiança.
De acordo com a consultora Luara Balbi, fundadora da Inclua CS, esse olhar precisa
fazer parte da cultura dos estabelecimentos.
“Os clientes esperam transparência e conhecimento. Entender
o que pode causar reação, separar utensílios e comunicar com clareza são
atitudes que demonstram respeito e fazem com que o cliente se sinta seguro e
bem-vindo”, explica.
Os oito principais alérgenos alimentares
Entre os alimentos que mais causam alergias e
intolerâncias estão oito grupos reconhecidos internacionalmente:
- Glúten,
encontrado no trigo, centeio, cevada e triticale.
- Leite
de origem animal, que provoca reações em intolerantes à lactose e
alérgicos à caseína.
- Ovo,
que possui proteínas alergênicas na clara e na gema.
- Castanhas,
incluindo nozes, amêndoas, castanha-de-caju e castanha-do-pará.
- Amendoim,
que contém proteínas capazes de gerar reações severas.
- Soja,
presente em molhos, massas e produtos industrializados.
- Peixes,
já que algumas espécies liberam proteínas alergênicas durante o preparo.
- Crustáceos,
como camarão, lagosta e caranguejo, associados à proteína tropomiosina.
Para quem tem alergia, até traços mínimos desses alérgenos
podem causar sintomas como inchaço, urticária, vômitos e, em casos extremos,
choque anafilático. Por isso, a atenção deve estar em cada detalhe, desde o
preparo até a forma de servir o alimento.
O perigo da contaminação cruzada
Um dos alertas mais importantes da cartilha da Abrasel e
Sebrae é o da contaminação cruzada, que acontece quando partículas de um
alimento entram em contato com outro e acabam transferindo alérgenos
indesejados.
Isso pode ocorrer de várias formas: no uso do mesmo
utensílio para manipular alimentos diferentes, em superfícies mal higienizadas,
durante o armazenamento conjunto de ingredientes ou até no ar, quando
partículas se espalham no ambiente durante o preparo, processo chamado de
aerossolização.
“Mesmo em cozinhas pequenas, é possível evitar o contato
cruzado. Ter utensílios e panos separados para preparações sem alérgenos já é
um grande passo”, orienta Luara Balbi.
Para o cliente, essa atenção pode não ser visível, mas faz
toda a diferença na experiência. Um prato preparado com cuidado transmite
confiança e permite que pessoas com restrições alimentares possam aproveitar o
prazer de comer fora sem medo.
Um gesto de cuidado que fideliza
O cuidado com os alérgenos é também uma forma de acolher.
Quando o consumidor encontra um local que se preocupa com sua segurança
alimentar, a tendência é que ele volte e recomende a experiência para outras
pessoas.
“Quando um cliente com restrição alimentar é bem atendido,
ele se torna fiel. Comer fora sem medo é libertador, e isso só acontece quando
o restaurante demonstra preparo e empatia”, afirma Luara.
Para os bares e restaurantes, adotar boas práticas é uma
oportunidade de se destacar e conquistar um público cada vez mais atento à sua
saúde. Já para o cliente, é uma tranquilidade saber que, ao sentar-se à mesa,
existe cuidado em cada detalhe.
No fim das contas, lidar com alérgenos não é apenas uma
questão técnica, é uma forma de transformar a relação entre quem serve e quem
consome, tornando a experiência mais segura, humana e saborosa.
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