A recente fraude em Inhumas destaca o modus operandi do IPOP: apresentar pesquisas completamente distorcidas em comparação com dados de institutos sérios e devidamente registrados na Justiça Eleitoral
O Instituto IPOP-Cidades & Negócios,
conhecido por seu histórico de fraudes eleitorais, voltou a causar preocupação
em Goiás. Esta semana, a empresa, que opera sob a liderança de Márcio Rogério
Pereira Gomes, foi flagrada em Inhumas com uma pesquisa eleitoral totalmente
fora da realidade. Esta ação ocorre no contexto de uma investigação em
andamento conduzida pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), que já identificou
práticas fraudulentas envolvendo o instituto.
O IPOP é conhecido por mudar de nome a cada poucos
anos para escapar da fiscalização e continuar suas atividades ilícitas. De
acordo com as investigações, a empresa tem se utilizado de jornais
desacreditados para vender pesquisas falsas a candidatos a prefeitos e
vereadores em todo o estado de Goiás. A estratégia é uma repetição de métodos
já usados por Márcio Rogério Pereira Gomes em São Paulo, onde ele foi preso
várias vezes por crimes semelhantes.
A recente fraude em Inhumas destaca o modus
operandi do IPOP: apresentar pesquisas completamente distorcidas em comparação
com dados de institutos sérios e devidamente registrados na Justiça Eleitoral.
O MPE identificou que, além de manipular os resultados das pesquisas, o IPOP
oferece esses serviços fraudulentos por valores elevados, prometendo colocar candidatos
em posições privilegiadas nas pesquisas mediante pagamento.
“O IPOP tem um histórico de desrespeitar a
legislação eleitoral e enganar candidatos com promessas falsas. Em Inhumas, a
pesquisa apresentada estava completamente fora da realidade, o que prejudica
não só a transparência das eleições, mas também a confiança pública no processo
eleitoral”, afirma um representante do MPE.
A operação em Inhumas faz parte de uma
investigação maior que visa desarticular a rede criminosa liderada por Márcio
Rogério, que já tem uma longa trajetória de fraudes eleitorais e manipulação de
dados. O MPE e a Polícia Civil estão aprofundando as investigações para
identificar todos os envolvidos e garantir a responsabilização dos
responsáveis.
O caso do IPOP ressalta a necessidade de
vigilância constante sobre as práticas eleitorais e a importância de reforçar a
integridade dos processos de pesquisa. A continuidade da operação busca não
apenas punir os responsáveis, mas também proteger a legitimidade das eleições e
garantir que os eleitores possam confiar nas informações que recebem durante o
período eleitoral.
Em matéria publicada em junho deste ano pelo
Jornal Opção, comprova que o instituto lança mão de questionário de
levantamento que mistura perguntas sobre dengue, por exemplo, com nomes de
pré-candidatos. “Em abril deste ano, a pesquisa do Instituto Alcateia
Outsourcing em Porteirão foi impugnada pela Justiça Eleitoral, após denúncia de
“indução do eleitorado” feita pelo presidente do Progressistas (PP), Antônio Felício
– representado pelo seu advogado Luciano Hanna. O levantamento de intenções de
votos chama atenção pela metodologia do questionário que mistura perguntas
sobre dengue com pré-candidatos”, diz o lead da matéria.
De acordo com as informações cedidas pelo
advogado Luciano Hanna e veiculadas no Opção, a disparidade entre dados do
contratado e do contratante são visíveis e flagrantes nas fichas cadastrais
usadas. Veja o que diz Hanna: “Além disso, segundo Hanna, não há registro da
empresa com atividade de pesquisa. O advogado pontua ainda disparidade entre o
CNPJ da empresa contratante e a entidade executora da pesquisa. O sócio
administrador da Alcateia é identificado como Wagner Martins. A defesa da
empresa entrou em contato com a reportagem e negou as informações e que a
empresa cumpriu todos os requisitos legais para a realização e divulgação do
levantamento”, a matéria segue: “Outra questão chama a atenção é a ausência dos
contratantes da pesquisa, uma vez que os custos dos levantamentos superam o
capital social da empresa, que foi declarado em R$ 5 mil. Apenas com os 42
municípios identificados no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pela
reportagem, ao custo de R$ 2,5 mil, chega ao total de R$ 210 mil. “Quem
contratou isso? Se eles vão vender depois? Mas é muito estranho tudo isso”,
enfatiza Hanna.
Evidências
No caso de Porteirão, por exemplo, o
levantamento foi conduzido pelo Instituto Alcateia Outsourcing e
operacionalizado pela empresa Synapsis. Em Maurilândia, o cabeçalho do mesmo
questionário da Alcateia Outsourcing – utilizado em mais de 40 municípios –
aparece com o nome de TV Synapsis/Unicamps – Instituto Pesquisas. A reportagem
apurou que a empresa alterou o capital social no último dia 30 de maio passando
de R$ 5 mil para R$ 100 mil.
“A empresa Alcateia é subcontratada. A
pesquisa é da Unicamps, a Alcateia é subcontratada por ela, a Alcateia na razão
social e na descrição não tem atividades para pesquisas. Esse é um dos motivos
para o pedido de impugnação por nós”, ressaltou Hanna. A FacUnicamps foi
procurada pela reportagem, porém, o contato não atendeu e nem respondeu a
mensagem.
Para o juiz, os quesitos no questionário não
se referem ao pleito eleitoral, “mas a questões inerentes à gestão municipal,
abordando temas relativos à combate à dengue, situação que não se enquadra na
pesquisa eleitoral de intenção de votos”, sentenciou.
Dentre os questionamentos estão: “Como você
avalia o serviço de Combate à Dengue aqui na sua cidade?”; “Existe na sua rua
lotes vazios e abandonados, sem limpeza e com muito mato?”; e “Você tomaria a
vacina contra Dengue?”.
Por outro lado a defesa afirma que uma ação
parecida, de impugnação de divulgação de pesquisa eleitoral movida pelo Partido
Social Democrático (PSD) de Iporá foi indeferida pela Justiça Eleitoral em maio
deste ano. Na decisão o juiz João Geral Machado entendeu que a publicação do
levantamento era legítima e que não houve nenhuma violação dos requisitos
legais exigidos para o registro e divulgação da pesquisa.
Para a impugnação das pesquisas nos demais
municípios, Hanna pontua que os partidos precisam entrar com ações na Justiça
Eleitoral.
Caso de prisão
Essa não é a primeira vez que institutos de
pesquisas se envolvem em fraudes em sondagens eleitorais. Em 2020, o
proprietário da empresa Ipop Cidades e Negócios Eireli, Márcio Rogério Pereira
Gomes, foi preso por divulgação de levantamentos fraudulentos.
De acordo com a Justiça, a empresa mantinha a
fachada de regularidade de publicações, mas ocultava as vantagens econômicas
dos patrocinadores do crime, isto é, de quem pagava pelos levantamentos.
Confiram os 42 municípios listados no TSE, que
há pesquisas da Alcateia Outsourcing:
Goiânia
Goianápolis
Heitoraí
Avelinópolis
Taquaral de Goiás
Santa Helena de Goiás
Trindade
Piracanjuba
Itaguari
Castelândia
Iporá
Americano do Brasil
Doverlândia
Palmeiras de Goiás
Piranhas
Aragarças
Itaguaru
Turvelândia
Santo Antônio do Descoberto
Porteirão
Taquaral de Goiás
Mineiros
Castelândia
Acreúna
Buriti de Goiás
Maurilândia
Nerópolis
Sanclerlândia
São Luiz de Montes Belos
Inhumas
Anicuns
Corumbá de Goiás
Cidade de Goiás
Mossâmedes
Quirinópolis
Santo Antônio de Goiás
Taquaral de Goiás
Castelândia
Santa Helena de Goiás
Córrego do Ouro
Adelândia
Panamá
Com informações do Jornal Opção