Mundo poderá ter 75 milhões de crianças obesas

  

 
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Mundo poderá ter 75 milhões de crianças obesas

 

Ambientes que influenciam o sedentarismo e hábitos alimentares inadequados contribuem diretamente com o desenvolvimento desse distúrbio

 

A obesidade infantil é considerada um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 41 milhões de crianças no planeta, com menos de cincos anos de idade, são obesas ou estão com sobrepeso. A estimativa é que, até 2025, esse número chegue a 75 milhões. No Brasil, o Ministério da Saúde calcula cerca de 6,4 milhões de crianças, com até 10 anos, com excesso de peso, e 3,1 milhões com obesidade.

A obesidade infantil é uma doença causada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal na criança, que pode ter sobrepeso, obesidade ou obesidade mórbida. “Para a correta classificação, é preciso realizar o cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal) da criança com base na idade”, explica a endocrinologista pediátrica do Exame Medicina Diagnóstica/Dasa, Fernanda Lopes.

Segundo a médica, as principais causas desse distúrbio na infância estão relacionadas a ambientes obesogênicos, ou seja, que influenciam diretamente no estilo de vida sedentário e em escolhas alimentares inadequadas. “Essa é a base. Mas vale lembrar que a obesidade é uma doença multifatorial. Existem pessoas que têm o risco maior, com predisposição a desenvolver a doença. O histórico familiar de obesidade também faz parte do risco”, enfatiza a especialista.

Crianças obesas podem ter riscos semelhantes aos adultos no desenvolvimento de distúrbios como excesso de colesterol, hipertensão, diabetes, gordura no fígado, problemas cardíacos, apneia, lesões nas articulações e cálculos biliares. “O ideal é evitar que a criança entre na adolescência com obesidade”, afirma Fernanda.

Para a reversão do quadro, a especialista recomenda a mudança no estilo de vida, com dieta, atividade física e tempo de tela reduzido, já que o excesso estimula o sedentarismo. “Em alguns casos, avaliamos se o paciente precisa de algum tratamento específico. Mas a base do tratamento são as mudanças no estilo de vida”, reforça. 

Segundo a pediatra da Maternidade Brasília Juliana Sobral, os cuidados para evitar a doença crônica devem começar antes mesmo de a criança nascer, ainda durante a gestação. “Hoje, sabemos que as condições a que o feto é exposto durante o período gestacional pode interferir no seu desenvolvimento, na sua fisiologia e metabolismo, não só na vida intra-uterina, como também trazendo diversas repercussões na fase adulta”, explica.

A médica reforça ainda que o acompanhamento com o pediatra é indispensável, sobretudo se a família tiver histórico de obesidade. “A partir do 5º dia de vida, o bebê deve ser levado ao pediatra com regularidade. É esse olhar constante que vai verificar, por exemplo, se o peso está excessivo em relação à altura”, destaca.

A pediatra afirma que a obesidade é uma doença tratável e que deve ser controlada desde criança para evitar problemas metabólicos como diabetes, hipertensão, colesterol alto, entre outros, e dessa forma, prolongar a longevidade. “A obesidade pode trazer prejuízos psicológicos severos para algumas crianças e adolescentes, principalmente devido à pressão social pela magreza e por “serem alvo de bullying”, ressalta a dra. Juliana.

A médica enfatiza que o confinamento causado pela pandemia e a privação de brincadeiras com outros coleguinhas foram determinantes para um ganho de peso notório nas crianças no último ano. “Os lanchinhos fora de hora ingeridos em frente as telas entraram para compensar a ausência de liberdade, assim elas passaram a comer muitos alimentos ultra processados, como bolachas recheadas e salgadinhos de pacote, que dão sensação de prazer”, afirma.

Acompanhamento

Quando uma criança está acima do peso, é essencial realizar exames rotineiramente. A endocrinologista Fernanda Lopes diz que é importante observar a glicemia, hemoglobina glicada, além do perfil de transaminases (TGO, TGP e Gama GT), com intuito de avaliar as enzimas e a saúde do fígado, que também pode ser observada por meio da ultrassonografia do abdome total.

Segundo e médica, em alguns casos, a depender do histórico familiar, é importante fazer também um perfil lipídico, para avaliação do colesterol. “Tudo depende da situação de cada paciente. Não são exames engessados. Um paciente que cresce mal e é obeso precisa passar por um especialista para uma investigação adequada”, conclui a endocrinologista.


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