Sustentabilidade na arquitetura da construção civil: planeta depende da aplicação de soluções inteligentes que diminuam impacto ao meio ambiente

 

Cristina Cardoso, arquiteta dos apartamentos decorados,
comenta sobre sustentabilidade na arquitetura da construção civil

Crédito: Divulgação Yticon

O conceito de sustentabilidade começou a ser delineado na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (United Nations Conference on the Human Environment – UNCHE), realizada em Estocolmo, em 1972, e cunhado pela norueguesa Gro Brundtland no Relatório “Nosso Futuro Comum” (1987). Porém, desde que o termo começou a ser usado para designar ações em prol do meio ambiente, poucas vezes ele foi verdadeiramente aplicado nas empresas. O fato é que passaram-se 35 anos e as marcas precisam estar mais conectadas e atentas a esse tema.

Quando se fala de arquitetura na construção civil, isso é ainda mais notório, visto que as atividades modificam o espaço e o meio ambiente. Então, como ser sustentável nas aplicações e, de fato, diminuir os impactos nos recursos naturais? Por definição, “arquitetura sustentável” é aquela que causa menos impacto ao planeta. Alguns defendem que, por si só, já seria uma contradição, afinal, arquitetura, urbanismo e paisagismo consistem em modificar o espaço natural, adaptar às condições de vida e ao desenvolvimento humano. Para tanto, áreas são desmatadas para construção e ampliação de espaços urbanos. Então, a palavra-chave seria mesmo “minimizar” o impacto no ambiente natural causado por uma construção civil.

Isso porque, nesse setor - da produção ao descarte de materiais -, as atividades são vetores de poluição e desgaste do meio ambiente. Por isso, o termo é amplo e as soluções, mesmo não sendo definitivas, são muito importantes (até mesmo indispensáveis) em determinadas etapas, além das escolhas na hora de projetar. Pode-se destacar, em primeiro lugar, a observação e o cumprimento das leis de zoneamento, e uso e ocupação do solo. A legislação está sempre se adequando e se adaptando da melhor maneira possível para preservar áreas sensíveis e atender às demandas do município, evitando desgaste e poluição de áreas de nascente, preservação, fundos de vale etc.

Num segundo momento, é preciso se atentar à escolha de técnicas construtivas e materiais que geram menos impacto e entulhos, como as estruturas de parede de concreto e a utilização de alvenaria racionalizada para reduzir a geração de resíduos. Por isso, o melhor, atualmente, são as apostas das construtoras em projetos com tecnologias para reutilização de água pluvial para irrigação de jardins, utilização de lâmpadas de LED e outros equipamentos eletrônicos que economizam energia, além de fazer uso de sensores de movimento para acionamento de lâmpadas, evitando permanência de luzes acesas desnecessariamente.

Já no projeto arquitetônico, o desafio é encontrar soluções para a utilização do terreno da melhor forma possível, com implantação inteligente, que reduza a movimentação de terra e libere a maior área possível de solo natural para permeabilidade. A observação do entorno e das condições climáticas na escolha da implantação do edifício pode privilegiar fontes de iluminação e ventilação naturais, como a orientação da torre com melhor insolação para áreas privativas e comuns, pintura de telhas na cobertura com cores claras para aumentar a reflexibilidade da luz solar, esquadrias dimensionadas para garantir ventilação dos ambientes de modo a reduzir a necessidade de ventilação artificial, e o uso de cores na fachada que leva em conta o desempenho térmico do empreendimento, refletindo em menor consumo de energia. 

Cabe aos profissionais de arquitetura, engenharia, construtoras e todos os envolvidos com a cadeia de construção civil, privilegiar e difundir cada vez mais essas atitudes em seus projetos. A demonstração das técnicas alternativas é mais apreciada quando vivenciada na prática e, claro, demonstradas as vantagens propostas. Isso porque, quanto maior a procura, mais o mercado irá oferecer essas soluções, principalmente os produtos que envolvem tecnologia específica como captação e reuso de águas pluviais, uso de aeradores em torneiras, bacias sanitárias com duplo acionamento, entre outros. A tendência é de que esses materiais sejam amplamente fabricados, popularizados, tornando-se cada vez mais acessíveis. Um exemplo bem claro são as lâmpadas de LED, uma tecnologia inovadora que reduz consideravelmente o consumo de energia, que foi se tornando cada vez mais acessível e, hoje, é praticamente uma unanimidade.

Diante de tudo isso, acredito que a principal mensagem que devemos guardar é que sustentabilidade é atitude, que pode e deve estar presente em todo o nosso comportamento cotidiano. Pequenas ações do dia a dia de cada pessoa atuando individualmente, porém, simultaneamente às ações dos setores públicos e privados, como evitar desperdícios, reduzir o consumo, assim como o tratamento de nossos resíduos, educação ambiental e respeito ao ambiente natural nos levam a uma vida sustentável. Atuar de maneira sustentável, portanto, é imprescindível para que a sustentabilidade deixe de ser um conceito ou uma opção para se tornar nossa realidade. O planeta agradece.

Cristina Cardoso é arquiteta e responsável pelos projetos dos apartamentos decorados da Yticon, construtora do Grupo A.Yoshii.

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