Alto índice de dengue leva governo a decretar emergência sanitária em Goiás

Governador vai assinar decreto que permite adoção de medidas sem licitação. MP recomenda a três cidades que reforcem o combate ao Aedes aegypti

As notificações de casos de dengue em Goiás chegaram a 183.722 até o último dia 5, segundo balanço divulgado na quinta-feira (10) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). No total, 92.429 foram confirmados e ocorreram 76 mortes. Esses números fazem com que este ano seja o recordista de registros da doença no estado e levam o governo a anunciar que decretará estado de emergência sanitária.

Segundo a SES, a medida, que valerá por 180 dias, visa reforçar o combate aos focos de Aedes aegypti. Além da dengue, o mosquito transmite a febre amarela, chikungunya e o zika vírus, suspeito de ligação com casos de microcefalia.

O decreto, que deve ser assinado na próxima quarta-feira (16), autorizará a compra, sem a necessidade de licitação, de medicamentos para tratamento de pacientes, inseticidas, máquinas e veículos necessários para o trabalho de pulverização. Além disso, será permitida a contratação temporária de pessoal para atuar nas ações preventivas de controle do mosquito.

Até o momento, a secretaria diz que foram notificados cinco casos de febre amarela no estado, com três óbitos. Não foram confirmados casos de chikungunya e zika vírus, apesar de casos suspeitos estarem sob investigação.

Devido à situação alarmante, a SES pediu ajuda ao Corpo de Bombeiros para combater focos do mosquito. Uma reunião foi realizada no último dia 7 para traçar diretrizes da ação, que terá duas estações de trabalho.

A força-tarefa contará com cerca de 2 mil militares. Também ficou definido que o Corpo de Bombeiros fará o acompanhamento do número de casos notificados e bloqueados de dengue e zika, além de apoiar a instalação dos Comitês Municipais de Combate ao Aedes aegypti.
Cidades

Segundo o balanço da SES, as três cidades com o maior número de incidência da dengue neste ano são Goiânia, com 78.040 casos, Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana, com 16.259 notificações e Anápolis, a 55 km da capital, com 10.862.

Das 76 mortes, 31 ocorreram em Goiânia, cinco em Aparecida de Goiânia, quatro em Jataí, seguidos de Anápolis, Goiatuba e Mineiros, com três casos cada, e de Ceres, Crixás, Morrinhos e Novo Gama, com duas ocorrências cada.

As cidades com o registro de uma morte cada foram são: Abadiânia, Brazabantes, Britânia, Campinorte, Campo Limpo de Goiás, Carmo do Rio Verde, Goianésia, Goianira, Inhumas, Iporá, Itapaci, Itumbiara, Morro Agudo de Goiás, Rialma, Rio Verde, Rubiataba, Trindade, Uruaçu e Valparaíso de Goiás.

Em relação ao país, Goiás é o estado que registrou a maior incidência de casos de dengue a cada 100 mil habitantes, segundo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde até o dia 14 de novembro. Foram 2.314 registros. Em seguida aparece o estado de São Paulo, com taxa de 1.615 casos e Pernambuco, com 901.

Reforço de ações
O anúncio sobre o decreto ocorreu no mesmo dia que o promotor de Justiça Marcelo Henrique dos Santos, da 9ª Promotoria de Anápolis, a 55 km de Goiânia, expediu recomendações aos prefeitos da cidade, de Campo Limpo de Goiás e de Ouro Verde de Goiás, orientando sobre a adoção de medidas emergenciais de prevenção e combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

O documento dá prazo de 15 dias aos gestores dos municípios para adotarem a recomendação. Nele, o promotor destacou que é necessário combater o mosquito não apenas pelo risco do zika vírus, que também pode estar relacionado aos casos da Síndrome de Guillain-Barré, mas principalmente pelo aumento dos casos de dengue em Anápolis, que é a terceira cidade com mais ocorrências no estado.

Assim, o promotor orienta que os municípios, neste final de exercício fiscal, se abstenham de reduzir a oferta de serviços de saúde de qualquer natureza, em especial das ações de controle do vetor e manejo clínico da dengue, chikungunya e zika vírus. No mesmo sentido, recomenda que sejam aportados os recursos necessários para essas ações.

O G1 tenta contato com as prefeituras de Anápolis, Campo Limpo de Goiás e Ouro Verde de Goiás para saber se elas já foram notificadas sobre a recomendação e quais providências serão adotadas.

Focos do mosquito
O secretário Estadual de Saúde, Leonardo Vilela, diz que estudos apontam que 80% dos focos do mosquito encontrados em Goiás estão dentro das casas. Com isso, ele também pede ajuda dos moradores para reverter essa situação.

“Os focos estão em entulhos, calhas, vasos de plantas, pneus armazenados inadequadamente, depósitos de água, caixas d água destampadas. Então também cabe à população fazer esse controle e ao Estado se atentar aos demais 20%, que estão em ruas, parques, entre outras áreas públicas”, destacou.

Microcefalia e zika vírus
Nas últimas semanas, sete casos de malformação foram registrados em Goiás, sendo que cinco deles são investigados por elo com o zika: dois em Goiânia, um em Rio Verde, um em Montividiu e outro em Pirenópolis.

A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal. Bebês que nascem com essa malformação podem ter complicações no desenvolvimento da fala, motora e até quadros de convulsão.
Até o último dia 3 de novembro, o Ministério da Saúde considerava que a malformação existia em bebês com crânios de perímetro igual ou menor a 33 centímetros. No entanto, a partir do dia 4, o órgão mudou o critério e classifica com microcefalia crianças que têm cabeças medindo 32 cm ou menos de circunferência.

Leonardo Vilela ressaltou que essa suspeita de ligação ainda é investigada e que os números devem aumentar nos próximos dias. “A medida que a nós [Secretaria Estadual] passamos a exigir a notificação, os médicos passaram a seguir o protocolo, aí é natural que os números cresçam. Mas aí cabe a equipe epidemiológica a investigar e fazer o diagnóstico diferenciado”, disse.

Como ainda não existem exames que possam atestar se a microcefalia dos bebês foi causada pelo zika vírus, ainda não há prazos para as confirmações. “Só poderemos confirmar quando surgirem exames laboratoriais para isso. Hoje, isso não existe no Brasil e no mundo, mas os testes estão sendo desenvolvidos. Há a expectativa que já no início do ano essa tecnologia esteja disponível e possamos fazer as análises”, disse.

Fonte: G1GO.

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